domingo, 20 de outubro de 2019

Luiz Eurico Tejera Lisbôa: história, poesia, guerrilha * Antonio Cabral Filho - RJ

Luiz Eurico Tejera Lisbôa
- Jornal A VERDADE junho 2019 -

Durante as buscas feitas do Comitê Brasileiro Pela Anistia pelos corpos dos desaparecidos políticos, vítimas da ditadura militar, Luiz Eurico Tejera Lisbôa foi o primeiro a ser encontrado no Cemitério Dom Bosco, em Perus - SP.
*
EU

sou um poeta da revolução.
A minha pena é uma espada.
E o meu canto
se eu canto
é um canto de guerra.

Há um novo tempo
de novas coisas!

Todos sabem
a mudança é irreversível.
Mas as velhas formas
não vêm
sem um último gesto
de desespero.

O importante é persistir,
confiar na vitória do povo.

Avancemos
seguros
passo a passo

Pois a história não se volta
sobre si mesma
É uma espiral infinita
que nada consegue deter!

&
Este é um tempo de decisões.
O canto certo
tem que ser direto
e atingir como uma bala de fuzil.

&
Há um povo que sofre.
Há um povo que geme.
E há outros
como eu
que embora
saibam desse sofrimento
e ouçam esses gemidos
não sofrem
e não gemem.

Ah! prisão de minha classe...
Amarras de minha família
Cordames de meus vizinhos
tendões de meus amigos
redes do meu lar e minha escola
Todos! Todos eu rompi.

E encontrei melhor família
na fraternidade universal
melhores amigos
nos companheiros de luta

e dei sentido à vida
ao lado dos que sofrem
e dos que gemem

Ah! Prisão de minha classe!...
Pouco a pouco
aumenta a brecha dos teus muros
pouco a pouco
encontro a minha 
LIBERDADE.
***