quarta-feira, 28 de abril de 2021

ENGELS - presente da história na luta contra os patrões * Manoel Inácio do Nascimento / CE

 ENGELS - PRESENTE DA HISTÓRIA

NA LUTA CONTRA OS PATRÕES
Manoel Inácio do Nascimento / CE
- Cordel escrito em 1992-
*********************

Cordelista é um repórter
dotado pela natura,
penetra em qualquer segredo,
qualquer bloqueio ele fura,
é artista sem status,
é doutor sem formatura.

Caro leitor, estes versos
contem uma reportagem
sobre uma celebridade
em quem eu busco coragem,
pois para falar desse gênio
tem que expor muita bagagem.

Não tenho eu a bagagem
bastante suficiente
para falar desse homem
que a história deu de presente
pra que a humanidade quebre
da servidão a corrente.

Essa personalidade
muito pouco conhecida
por aquele por quem ele
dedicou a sua vida
onde alguns querem que seja
pra nós coisa proibida.

Esse é Frederico Engels,
que neste poema friso,
participou decisivo
num tempo histórico indeciso.
Não foi em vão o período
em que viveu tão preciso.

Engels porém aparece
num importante processo
na época em que no mundo
aparecia o progresso
e que o capitalismo
se achava em pleno sucesso.

Na medida em que o progresso
aumentava a cada dia
Engels via que o sucesso
era só pra uma minoria
que aproveitava o trabalho
barato da maioria.

Como a indústria aumentava
nas cidades principais
quem trabalhava de escravo
junto aos senhores feudais
fugia em busca de emprego
deixando as zonas rurais.

Marx e Engels se encontravam,
os dois discutem política
e nasce dos dois o livro
a "Crítica da crítica crítica".

Ou de "Sagrada família"
era o livro intitulado
respondendo aos irmãos Bauer
que haviam publicado
"Navegando o espírito crítico"
do proletariado explorado.

Marx e Engels formavam
uma perfeita união,
os dois juntos descobriram
onde estava a solução
que é o proletariado
motor da transformação.

Só o proletariado
podia trazer a glória
para toda a humanidade
como já era notória
que a economia é
força motriz da história.

E do proletariado
criaram a filosofia,
fundam o primeiro partido
com sua ideologia
rumo a tomada na luta
o poder da burguesia.

Entre os sábios não havia
ambição de se medir
o que um ou outro escrevia
deixavam se confundir
aquilo que um descobria
servia para os unir.

Ao segurar a bandeira
ao lado dos explorados
Marx deixava os filósofos
burgueses contrariados.
É aí que ele enfrente
com a família maus bocados.

Mesmo sem renda Karl Marx
escrevia o tempo inteiro.
Engels com a pequena herança
é quem lhe dava dinheiro
fielmente solidário
à causa e ao companheiro.

Juntos escreveram obras
onde uma sem igual
dividia em quatro tomos
grande obra genial
a arma dos explorados
chamada de O CAPITAL.

Foi nesta obra que Marx
se dedicou como um louco
juntamente com a família
passando o maior sufoco.

Na medida em que crescia
o número de empresários
mais disputa entre os produtos
mais sofriam os operários
menos ganho e mais aumento
nos seus esforços diários.

Quanto mais se produzia
mais poder e mais riqueza
e quanto mais poderosos
mais os patrões com dureza
tratavam os trabalhadores
pra quem sobrava a pobreza.

Em pouco tempo as cidades
já tinham gente de sobra
formando para as indústrias
reserva de mão de obra
com famintos como hoje
que qualquer coisa lhes dobra.

Nas cidades se vivia
do jeito que dava certo,
é onde nasce o ditado
"o mundo é do mais esperto".
Toda essa parafernália
Engels estudou de perto.

Engels nasceu na Alemanha
pouco viveu nessa terra.
Como era herdeiro de ações
de seu pai na Inglaterra
foi residir em Manchester
diz a história e não erra.

Mil oitocentos e vinte
na província de Renana
nasce em cidade de Barmen
se a história não me engana,
como muitos foi adepto
da doutrina hegeliana.

Era a doutrina de Hegel
para a época grande avanço
mas Engels se aprofundando
foi superando seu ranço
até que surge o marxismo
e Hegel cai do balanço.

Engels era estudioso
das ciências naturais,
estudou filosofia,
sociologia e mais
agia lutando pelas
transformações sociais.

Ele porém não foi só
se é para falar a verdade
teve o seu parceiro igual,
a sua cara metade,
na luta contra a opressão
são reis em humanidade.

Se por força do destino
ou por coincidência incrível
encontra-se com Karl Marx
formando a dupla invencível
resolvendo a questão
que parecia impossível.

Marx já se dedicava
a teoria científica
e Engels lhe ajudando
sem desprezar nem um pouco

De quatro tomos Karl Marx
com vida, um publicou
pois com a morte da filha
Marx muito se abalou
e com a morte da esposa
Marx também se prostrou.

Morre Marx fica Engels
para dar conta do resto,
combater revisionistas
e da burguesia o protesto,
sofrendo a falta do amigo
vem seu último e grande gesto.

Publica o dois, o três,
volumes d'O CAPITAL
já com um câncer no esôfago
em sua fase final.
Morre mas deixa pra todos
a Obra Monumental.

No ano mil e oitocentos
e noventa e cinco, um dia
cinco de agosto, o planeta
fisicamente perdia
o grande super herói
no combate à burguesia.

Hoje os trabalhadores
podem cumprir seu papel,
neste pequeno trabalho
Eu procurei ser fiel,
como simples homenagem
do poeta de cordel.
***

terça-feira, 27 de abril de 2021

Cordel pro Lima Barreto * Chico Salles

CORDEL PRO LIMA BARRETO

CHICO SALLES

Falar de Lima Barreto

Nos Conduz a claridade

Odiosa opressão

Da nossa sociedade

Dotada de incoerência

Apogeu da incompetência

Falta de brasilidade.


Final do século dezoito

Antes da Abolição

Nasceu este carioca

Fruto da escravidão

Trazendo na consciência

Na conduta e aparência

A sua indignação.


Estudante exemplar

Às suas origens, fiel

Mulato de boa instrução

Mas, o racismo cruel

Feito a ponta do espinho

Estreitava seu caminho

Limitava seu papel.


Vitima do preconceito

Mal conseguiu se formar

Perdeu os pais muito cedo

E cedo foi se virar

Fez das letras sua amante

Como cronista brilhante

Serviu sem ser militar.


Escrevia em periódicos

Assumindo pseudônimo

Jornal do Comercio, a Noite

Já não era mais anônimo

Assim na Literatura

Com sapiência e bravura

Tornar-se-ia sinônimo.


Tratava do dia a dia

Dos assuntos do seu povo

Sua expressão literária

Demonstrava algo novo

Foi sim um pré-modernista

Inconformado artista

E para elite um estorvo.


Pra alma do Carioca

Foi seu maior escultor

Falava dos preconceitos

Com certeza e com vigor

Retratou a hipocrisia

Contrário à burguesia.

Lima mostrou o seu valor.


“Numa e a Ninfa”, escracha

Mais um deputado bandido

Em “Cemitério dos Vivos”

Narra momentos sofridos

A pena do Lima não para

Corta rente, fura, vara

Em favor dos oprimidos.


Entregou-se ao alcoolismo

Com várias internações

Problemas psiquiátricos

Entrou nas suas ações

Precocemente morreu

O mundo não compreendeu

As suas preocupações.


Depois, no andar de cima

Passou a ser estudado

Sua obra se tornou

Um produto exportado

Viveu a vida sem medo

E até com samba enredo

Já foi homenageado.


É comparado aos maiores

Um menestrel suburbano

Em Policarpo Quaresma

O conceito soberano:

Pra tirar ouro de cobre

Basta ser mulato, pobre

E avesso ao desengano.


Escreveu por linha certa

A tortura descabida

Seu legado, sua obra

Sua história, sua vida

Que de grandeza encanta

Ficou feito quem decanta

Pelo Brasil esquecida.


No cenário onde viveu,

Final dos anos oitenta

Uma turma da pesada

Turma ligada e atenta

No subúrbio da cidade

No bairro da Piedade

A liberdade alimenta.


Músicos, escritores, artistas

Pimenta, cebola e jiló

No Boteco do Seu João

No caldo do Mocotó

Um encontro sem procura

Muita fome de cultura

Esperança sem ter dó.


Na concentração do Bloco

Simão, DaPenha e Carlinho

Mandaram uma idéia

De ser feito com carinho

Uma casa ou um coreto

Na Rua Lima Barreto

Que era ali bem pertinho.


A casa Lima Barreto

Ali então foi criada

Num ambiente festivo

Comida, cerveja gelada

Samba na mão e no pé

Criança, marmanjo e mulher

Muita conversa animada.


Foi alugado um imóvel

Assim na raça e no peito

Com muita dedicação

Birita, piada e respeito,

Depois daquele carnaval

O Espaço Cultural

Estava montado direito.


Com o esforço do grupo

E mais alguns aliados

A casa funcionou

Mais de dez anos passados

Quando em dois mil e dois

Nem foi antes, nem depois

Teve seus portões fechados.


A falta do Poder Publico

Refém da corrupção

Junto com a pouca renda

Da nossa população

Pelos guetos oprimida

Sem o saber, desnutrida

É triste a constatação.


Mesmo assim lá vai ele

Abnegado, paciente

O Grupo do grande Lima

Pacífico e consciente

Original, radiante

Agora é itinerante

Agregado permanente.

 

Movido a muita paixão

Rango, manguaça e conversa

Musica tocada e cantada

A poesia se versa

Deixando a alma lavada

A mente bem arejada

Fui, que a minha hora é essa.

 


Biografia e revisões: SIMÃO.

capa do Ciro de Uriaúna

FONTE

https://piauinauta.blogspot.com.br/2011/03/cordel-pro-lima-barreto.html

sábado, 24 de abril de 2021

Política Cultural * Maiakovskilândia

  PoliticaCultural

-Maiakovski recitando para os trabalhadores-

Neste momento em que vivemos, a sociedade capitalista se assemelha a um titanic: um grande navio a mercê do mar bravio, sendo tragado irreversivelmente. Todas as suas forças voltadas para a sua salvação são inúteis, porque ela não considerou o devir. Isso ocorre em todos os campos da vida social. Do psíquico ao econômico. Todos os seus esforços tecnológicos buscando gerar lucro deram com os burros n'agua. Dos antigos parques industriais hoje constatamos metrópoles a fora imensos depósitos de ferros velhos, todos sucatas de invenções tecnológicas. Do antigo motor a carvão ao chip, assistimos ao desperdício de mão-de-obra, de pesquisas, investimentos, matérias-primas, tudo transformado em lixo.

Isso ocorre devido ao estreitamento da margem de lucro no mundo da concorrência capitalista. Hoje, não adianta mais inventar algo visando enriquecer amanhã. A disputa pelo consumidor virou guerra sem quartéis. E os produtos novíssimos hoje, amanhã, são obsoletos. Vide o celular: todo dia tem uma novidade nesse mercado. E ninguém pode se conter, nem o fabricante nem o consumidor, porque amanhã é sim outro dia e tem que haver tecnologia nova.
Quem para, morre!

O mesmo ocorre na cultura. Com o avanço tecnológico, a indústria cultural vê-se obrigada a se adaptar. A velocidade da vida cotidiana do mundo atual impede que o empreendedor cultural almeje levar o seu consumidor a uma sala de exposição, seja cinema, teatro, show e até lançamento de um simples livro. O mundo, hoje, resume-se a uma "live". E pronto!

Portanto, nós, que somos simples mortais, também somos produtores culturais, e precisamos nos encarar enquanto tal. Se hoje queremos ver um filme, com certeza não queremos aquela tecnologia antiga, do cinema mudo, em preto e branco, do Chaplin, do Mazaropi ou do Einsenstein. Claro! Nós queremos a ultima tecnologia. Mas para isso, precisamos de poder aquisitivo. Temos? Claro que não. É aí que mora o X da questão. 1/% da humanidade pode, e nós não podemos, sequer pensar em tais benesses. Por quê? Porque nós vivemos numa sociedade divida em classes. Há os que exploram e há os são explorados. Aonde você se encontra? Percebe a questão? 

Por isso, nós, os explorados, precisamos pensar numa politica cultural para nós. Precisamos produzir uma arte que reflita o nosso modo de vida e denuncie a forma porque vivemos em condições de miserabilidade. Se somos nós, os trabalhadores, que produzimos tudo, por que não desfrutamos de tudo? É isso. Nossa música precisa dizer isso. Nossas artes plásticas precisam expressar isso. Nossa literatura - conto, crônica, poesia, romance, teatro, novela - precisa refletir a nossa vida real. Nada de novelas globais, nada de livros estrangeiros, nada de nos encantarmos com sagas sobre coisas desconhecidas. Nosso mundo é o que vivemos e é sobre ele que devemos refletir para nos libertarmos da dominação capitalista. Chega de enriquecer os outros. Vamos produzir para nossos semelhantes. Eu compro o seu produto e você compra o meu.
Cooperativas de produção cultural já!!

ESCUTE * Wladimir Maiakovski / Russia

 MAIAKOVSKILÂNDIA